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Aviso postado dia 05/01/2017

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Artigo: Chocados com a chacina de Campinas? Pois saiba que o número de mortes foi muito maior...

Artigo: Chocados com a chacina de Campinas? Pois saiba que o número de mortes foi muito maior...

 No Brasil não temos tempo para nos horrorizar com as mortes nem de nos solidarizar com as famílias, porque no dia seguinte morrerão mais 13 mulheres.

 

A notícia das mortes no dia 31/12 ficarão na nossa memória. As que não foram noticiadas farão parte apenas da estatística policial.

 

A jovem Isamara comemorava a chegada do ano que não chegaria a ver. Isamara Filier, de 41 anos, registrou cinco queixas por ameaça e injúria feitas por Sidnei Ramos de Araújo, seu assassino. De que adiantou a mulher recorrer ao Estado, que é obrigado a lhe oferecer segurança? Nada. Isamara foi brutalmente assassinada junto com seu filho de oito anos mais 11 pessoas no mesmo local. Nesse mesmo dia em outros locais, mais 12 mulheres também morreram por serem mulheres. Isso é feminicídio!

 

O Brasil mata mais mulheres do que a Síria! Aquele País conturbado ocupa o 64º lugar nesse ranking. O Brasil está em 5º! Com a cultura do estupro se massificando, com a onda conservadora crescendo, com os recursos para políticas públicas, de reparação e educação diminuindo, a expectativa é funesta. No Senado tramita o projeto assinado pelo Senador Magno Malta (PR/ES) chamado “escola sem partido” que, em seu artigo 4 proíbe “...aplicação dos postulados da teoria ou ideologia de gênero”. Nessa toada que estoura nossos tímpanos em breve ocuparemos o 1º lugar no ranking mundial de violência de... GÊNERO! Não bastaram as 4.745 mulheres assassinadas. E junto a elas frequentemente outras vidas são ceifadas como ocorreu em Campinas, o que eleva sobremaneira esse número catastrófico! O credo dos machistas não contém essa oração.

 

São 13 mulheres mortas por dia no Brasil. Aqui, a cada cinco mulheres, três já sofreram algum tipo de violência de gênero. Aprendemos desde cedo que nossa casa, nosso lar, é nossa fortaleza, nosso porto seguro. Mas, para as mulheres é onde a violência é mais frequente, em todas as suas formas. Não estamos seguras em nossas casas, nem podemos andar nas ruas. No ano passado, a filha de uma colega foi agredida a socos porque não aceitou um assédio no bairro do Rio Vermelho. Isso é barbárie!

 

Consternação. Horror. Raiva. Tristeza. Impotência. É o que sentimos ante às manchetes sangrentas. Esse é o ciclo dos nossos sentimentos por viver em um país que anda para trás no quesito igualdade de gêneros. E, sem essa igualdade, um lado se vê com poder de vida e morte sobre o outro, e ainda encontra motivos para justificar as atrocidades que comete ou pode vir a cometer. Na carta deixada, o assassino de Isamara a culpava pela violência que ceifou sua vida. Isso é machismo!

 

Grande indignação também após o estupro e morte de Débora Soriano, 23 anos, ocorrida em 17/12. Ela e mais 12 morreram nesse dia. Em 31/12 mais indignação com a morte de Isamara, em Campinas. No dia 1º/01 foi a vez de Brenda Pereira, 20 anos, também pelas mãos do companheiro Everson Lopes, em São Paulo. Após ela, mais 12 no mesmo dia. No dia 3, ontem, os jornais anunciaram sem muito destaque outra vida ceifada em Aparecida de Goiânia, e as outras 12 talvez nem tenham sido anunciadas. Amanhã mais 13 morrerão. E depois de amanhã também. A violência contra a mulher está se banalizando no Brasil.

 

Quando algum caso repercute, precisamos lembrar: não foi uma desconhecida, foi uma de nós. E não foi apenas uma, foram treze!

Enquanto essa hecatombe perdurar não haverá omissão perdoada. Todas nós e nossas filhas e netas estaremos vulneráveis à visita da estatística misógina se nada fizermos para evitar essa barbárie anunciada, essa barbárie consentida, essa barbárie institucionalizada! Chega de mortes, chega de machismo! Não nos calaremos!

 

 

Denise Marcia de Andrade Carneiro

Servidora da Justiça Federal da Bahia e coordenadora do SINDJUFE-BA 



 

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