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Aviso postado dia 16/04/2014

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Artigo em homenagem a Jaldo Caribé (por Joaci Cunha)

Artigo em homenagem a Jaldo Caribé (por Joaci Cunha)

 A Jaldo Caribé

 

Não é fácil escrever sobre um amigo-irmão, depois de acompanhá-lo em seus últimos dias de luta, intensa e sofrida, pela vida. Jaldo viveu intensa e apaixonadamente. Homem sensível e plural. Como poucos cultuou desmedidamente a alegria e a amizade.

 

Depois de uma adolescência mística, tornou-se um jovem engajado politicamente, agnóstico e praticante dos princípios humanísticos mais elevados. Enquanto suportou os meandros do Judiciário defendeu camponeses (Chapada Diamantina) e operários (Salvador e Jacobina), advogando com a firmeza de quem buscava um reino sem explorados ou oprimidos. Sem desistir do sonho que compartilhou com Rosa de Luxemburgo e muitos outros, mas farto desta opção político-profissional, tentou sobreviver como taxista. Imaginou-se capaz de aproveitar o tempo de espera nos pontos para ler seus autores favoritos, dentre os quais João Ubaldo Ribeiro e James Joyce. Em seguida, buscou outra opção de trabalho. Com Selma Miranda, criou a primeira pamonharia baiana, a Casa do Milho, na 8 de Dezembro. Mas o comércio também não lhe preenchia. Jaldo voltou à advocacia popular, atuando em sindicatos de trabalhadores por mais alguns anos, antes de se tornar servidor da Justiça Federal. Afinal, como Raul (a quem admirava), “se é de batalhas que se vive a vida, tente outra vez”.

 

Cinéfilo, ele adorava o cinema italiano (Rosseline, De Cica, Felline, Scola, Bertolocci). Como o protagonista de “A Família” (Ettore Scola), nosso amigo também sofria de uma certa insatisfação dialética. De fato, com a formação crítica que possuía, para ele não era fácil aceitar a mediocridade da vida pequeno-burguesa a que estamos submetidos. Talvez, ai esteja o elemento subjetivo que o fez adotar a cerveja como companheira de muitas horas; tempo outrora dedicado a outras viagens, sonhos (desfeitos) e companhias.

 

Jaldo fez muitos amigos em todos os momentos de sua vida. Essa era a sua marca. Ele tudo doava, nada pedia e muito pouco aceitava. Sobre Jaldo, muito diz um gesto recente: já com a doença em estado avançado, ele organizou entre os colegas da Justiça uma “rifa para ajudar nas despesas crescentes”. Os amigos prontamente atenderam. Em seguida, usou todo valor arrecado para adquirir um estoque de O Anticâncer. Prevenir e vencer usando nossas defesas naturais, escrito pelo médico e cientista francês David Servan-Schereiber, colocou os livros num carrinho de processos e distribuiu a todos que compraram a “rifa”.

 

No último adeus, não sabíamos a quem confortar: se aos familiares ou aos amigos. Todos sofriam.

 

Jaldo vive!

 

Joaci Cunha (um amigo)



 

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