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Artigo postado dia 15/04/2020

Por: Denise Carneiro

Artigo postado dia 15/04/2020

Por: Denise Carneiro

TELETRABALHO OU CONFINAMENTO?

TELETRABALHO OU CONFINAMENTO?

Nessas 3 semanas de ISOLAMENTO SOCIAL e trabalhando em casa, tenho visto colegas dizerem que estão em TELETRABALHO sendo cobrados por metas de produtividade e sujeitos a fiscalização sobre a carga horária e em alguns casos sendo convidados a ficarem disponíveis em jornada maior do que a cumprida presencialmente. Sobre METAS e CONTROLE de carga horária, vejo que é procedimento normal de quem opta por trabalhar remotamente e, as administrações na sua totalidade estão buscando aplicar o regime do TELETRABALHO nesse momento, como se estivéssemos em situação de normalidade. Sobre pedir ao servidor que esteja disponível em jornada superior à normal, já ultrapassa o termo TELETRABALHO e se for comprovado, pode configurar usurpação de direito e gerar ações sobre enriquecimento ilícito.. Os colegas precisam ir além das queixas e denunciar ao sindicato para que este verifique e tome as medidas cabíveis. 
 

Esse tipo de atitude, se confirmado, revela que as administrações não estão sabendo como lidar com esse momento e atropelando os direitos dos trabalhadores, os quais por seu turno estão absorvendo essa falta de compreensão da realidade vinda das instâncias superiores e alguns repassando à equipe. Os Tribunais parecem considerar que estamos "descansando" em casa e por isso "não custa nada" mostrar um pouco mais de apoio à sua Unidade...
A divulgação sistemática da produtividade insere uma questão que parece ser a única preocupação dos Tribunais: mostrar que o TELETRABALHO funciona, e a um custo menor, pois arcamos com todos os insumos. Preparem-se para o pior, sim, nesses 5 anos vimos que o que está ruim, ainda pode piorar!

Porém, volto ao tema: estamos mesmo em TELETRABALHO? 
Estamos em situação de normalidade, trabalhando tranquilamente em casa, com filhos menores na escola, filhos maiores seguindo sua vida em plenitude, pais e mães idosos nas casas deles sem necessitar do nosso auxílio diário, tarefas sendo divididas com os auxiliares, sem aumento das demandas de higiene doméstica e pessoal nossa nem dos filhos, nem dos pets, sem problemas adicionais ligados à vida de cada um de nós, não estamos com medo de sair de casa, e na hora que quisermos podemos reunir amigos e parentes, dar uma esticadinha em um bar, show, pegar uma telinha com pipoca, tomar sol na praia ou piscina, bater um babinha com os amigos antes do churrasco e cerveja, ter um final de semana cheio de lazer para recarregar as baterias que serão utilizadas na semana de trabalho? E sobre a PANDEMIA, nós estamos tranquilos que nós nem nossos familiares, amigos e colegas seremos contaminados? Que se formos, sobreviveremos? Que teremos um serviço de saúde compatível, e se for preciso teremos um respirador disponível? Que nossa vida não será interrompida a qualquer momento por um problema extra e grave com o qual não sabemos lidar? E temos algum suporte psicológico/emocional para facilitar essa jornada? Bem se respondermos SIM a todas essas perguntas, podemos sim, nos sentar à frente de um notebook e nos concentrar totalmente no TELETRABALHO como se fosse uma opção e cumprir as metas.

Contudo, a realidade é bem diferente. É preciso entender que estamos em CONFINAMENTO, e problemas de toda ordem, tensão, medo, cansaço físico e mental por ele acarretados precisam ser considerados na equação. Estamos fazendo o possível para manter o trabalho em dia porque o reconhecemos como importante, precisamos e desejamos seguir trabalhando agora e quando tudo isso passar. Mas para isso precisamos primeiro sair dessa situação de calamidade, ver a nossa rotina se instalar novamente, reconstruir nossas vidas como antes, e voltarmos a ser pessoas inteiras. No momento não somos. Se os Tribunais não entendem isso, as Instâncias inferiores precisam fazê-lo. Se as Instâncias inferiores não fazem, as chefias imediatas precisam fazê-lo. Se as chefias não fizerem, cabe a aos trabalhadores fazerem, pelas suas vidas e das suas famílias. Precisamos entender, mostrar e exigir a compreensão de que NÃO ESTAMOS em TELETRABALHO: estamos em CONFINAMENTO.

 

Denise Carneiro, trabalhadora da JFBA.

 

Nota do SINDJUFE-BA

Artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da Diretoria da Entidade.

 



 

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